quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Catecismo na Catequese


A caminhada e mudança do sentido da catequese acontece dentro de um tempo, por isso que no século III e IV a Igreja peregrina se vê mergulhada em situações altamente periculosas, ou seja, ameaça das heresias, e pensamentos fora da idéia da comunidade primitiva, que exigem dela uma nova postura no modo de anunciar a pessoa de Jesus e de formar os cristãos. “A catequese consegue sua maturidade no século IV. Alcança um desenvolvimento surpreendente nesta época. [...] defrontando-se com um problema novo, a Igreja sua catequese”. (ROCHA, 1989, p. 149). Nesta ocasião se percebe já o surgimento do catecumenato (preparação para o Batismo), que estrutura-se em etapas precisas e com conteúdos progressivos, tendo como meta a inserção nos mistérios da salvação. O importante para Igreja era admitir aos sacramentos de iniciação cristã as pessoas que abraçassem verdadeiramente a conversão, dando prova do seu testemunho de vida no tempo de formação na catequese.

O batizando após o rito litúrgico recebe a graça de participar do projeto salvífico de Deus (Jo 3,11-15), sendo assim admitido na comunidade. Iniciação cristã para Igreja é pensada como um processo de amadurecimento da fé do cristão, considerando também recebimento dos sacramentos da eucaristia e confirmação. Na Igreja todo batizado é chamado anunciar a Cristo, segundo os próprios dons e funções exercidas na sociedade. Portanto, ninguém pode ser acolhido sem a devida preparação.

A catequese tem em si por finalidade a confissão da fé. “Quando o catequizando é capaz de confessar a fé com toda a sua vida, isto é, com sua mentalidade, memória e inteligência, coração, palavra e ação, o processo catequético chegou a seu ápice” (PEDROSA et. al., 2004, p. 518). Daqui nasce o compromisso com a pessoa de Jesus Cristo, centro da catequese patrística, apontado como a verdadeira referência para a vida de todos os seres humanos; sentido fundamental para onde converge toda a intenção da ação humana na catequese, permitindo ao fiel fazer na caminhada a declaração de fé madura.

O período mais recente do catecumenato é na verdade os séculos IV e V, pois neste tempo a marca do modo de fazer catequese caracteriza-se pelas circunstâncias particulares das conversões em grande número. A catequese batismal é marcada por uma catequese de adultos, cada vez mais desenvolvida, tempo correspondente ao começo da Idade Média. Este evento relaciona-se com a conjuntura do Cristianismo, que deste então se achava em pleno alargamento a instrução dirigida aos adultos. A catequese de adultos encaixa-se, com a pregação missionária, conforme se designasse a Judeus ou pagãos. Era mister aos judeus anunciar o Cristo que é o Messias, porém, aos pagãos ensinava-se a doutrina de um Deus único e o abandono dos ídolos, fazendo-os conhecer a lei moral cristianizante.

A proposta do processo catecumenal constava de vários elementos, para melhor preparar o catecúmeno, realiza-se uma formação consistente na catequese inicial, cuja meta é apresentar um panorama geral da doutrina. Conforme Jungmann (1967, p. 20), em Santo Agostinho, encontramos esta metodologia em seu tratado “De catechizandis rudibus”. Para o Bispo de Hipona o catequista tem como missão apresentar a doutrina revelada de modo narrativo, ou seja, passando da história de Adão até o conhecimento do Cristo ressuscitado; para Santo Agostinho a alegria (hilaritas) deve contagiar a catequese.

Na Idade Média a Igreja experimentou muitas influências dos novos modos de pensar o cristianismo, exclusivamente em nível moral, espiritual e cultural, tocando fortemente a liturgia com auxílio da arte, onde a vida do povo encontra-se mergulhada profundamente dentro de uma atmosfera religiosa. Para preservar e conservar a fé, a sociedade evidentemente cristã sentiu a necessidade de ir aos lugares da fé (peregrinações a Terra Santa).

Agora o ocidente é completamente cristão e, frente a este florescimento religioso e cultural, o pensamento teológico ganhou novo ardor com o desenvolvimento da teologia escolástica por influência de Santo Tomás de Aquino, surgindo também às grandes universidades, onde fé e razão se ligam entre si. A Idade Média se caracteriza pelo seu objetivo Teocentrismo, propriamente dito; percebemos que a formação catequética fixa-se nas homilias dominicais e pregações, situação que de algum modo trará sérios problemas a formação catequética. Diante da necessidade de orientar grupos cada vez maiores, o ato de pregar multiplica-se por causa das festas, novenários, tempos do Advento e da Quaresma. Em geral este era o meio principal de educar as várias idades nesta realidade cristã.

No século XVI vê-se uma mudança repentina na história da catequese, no bojo da idade moderna marcada sobre os ideais de liberdade e igualdade na Europa. A Igreja se vê constrangida por causa das contestações que fora suscitada pelas idéias de Martinho Lutero (1483-1546), com a Reforma Protestante. Lutero então publica as suas 95 teses sobre as indulgências em 1517, fato que marca o início da revolução protestante.

Sintetizando, apresentamos os pontos essenciais do pensamento teológico do luteranismo: A escritura contém toda a verdade revelada por Deus, (sola Scriptura); baseado no trecho da carta aos Romanos 1,17: “Porque nele a justiça de Deus se revela da fé para a fé, conforme está escrito: O justo viverá da fé”, Lutero fundamenta então o axioma justifcatio sola fide. Rejeitando a existência de uma Igreja hierárquica, negando de modo claro o primado do papa, Lutero pregará a salvação pela graça (sola gratia). Estas três máximas de Martinho Lutero fortalecem a criação do seu próprio catecismo. “Os catecismos de Lutero, cuja intenção é construtiva e pastoral e não polêmica são ricos de piedade, de espiritualidade, de proximidade da Sagrada Escritura; e conheceram uma enorme difusão” (BOLLIN; GASPARINI, 1998, p.111).

Com êxito do pensamento Luterano, a Igreja reage com a Contra Reforma, realizando o Concílio de Trento (1545-1563), onde a sua obra doutrinária fora constituída essencialmente como uma resposta as afirmações protestantes. “O Concílio de Trento obrigou os bispos a providenciar para que, pelo menos nos domingos e dias de festas, houvesse catequese para as crianças em todas as paróquias” (JUNGMANN, 1967, p. 31). Nas escolas era preciso observar o ensino da religião, que envolvia apresentação da história da salvação, os dez mandamentos, os artigos da fé e a vida dos santos. A fiscalização sobre a condução do ensino religioso pelo professor ao aluno torna-se ponto de preocupação para a hierarquia.

O Concílio de Trento trouxe para Igreja um novo impulso à catequese, no momento em que se pede o zelo pelo ensino ao povo, porém, é preciso fazer mais, pois em algumas dioceses se acentuou de forma tão exagerada a atenção às crianças, que se esqueceram dos adultos, que praticamente tiveram que se adaptar com uma instrução básica. Em nível de consistência na catequese, parte da obra doutrinal da sessão VII do referido concílio baseou-se nos sete sacramentos, já que os protestantes haviam reconhecidos apenas o batismo e a eucaristia.

Segundo as orientações do Concílio de Trento é publicado em 1566 o Catecismo Romano, que si divide em quatros partes: O Credo, o Decálogo, os Sacramentos e as Orações, que de certo modo é reconhecido até os nossos dias como um material para uso do clero. “Nos séculos seguintes, serviu de inspiração a numerosos catecismos, que fizeram pequenas adaptações, mas não conseguiram manter solidez do Catecismo Romano e não o atualizaram” (DNC 124). Sobre o Catecismo Romano podemos afirmar que é escrito como a voz viva da Igreja, base doutrinária para as pregações e catequeses dominicais, destacando-se a cura de almas. Um catecismo expõe as principais verdades da fé, escrito, em forma de perguntas e respostas.

No rigor da palavra o Catecismo Romano não é um livro simbólico, nem uma profissão de fé que se imponha ao assentimento de todos os fiéis. [...] Sob o ponto de vista meramente científico o Catecismo Romano corresponde às pesquisas teológicas do século XVI. Na doutrina dos sacramentos, por exemplo, ocorrem algumas documentações que hoje sabemos não serem autênticas. São deficiências que não abalam a autoridade do catecismo, porque o conjunto de sua doutrina se esteia no magistério infalível da Igreja. Daí não resultam erros doutrinários, mas apenas falhas de argumentação”. MARTINS, 1951, p. 48)

Buscando responder às necessidades da época o catecismo fora aos poucos sendo implantado em alguns países católicos, salvo aqueles que tiveram dificuldades em receber a cópia do material devido aceitação particular de cada diocese pelo seu bispo. As decisões tomadas no Concílio de Trento são claras, chegando a firmar que o Catecismo Romano nos oferece uma segura definição dos dogmas, sendo contrárias as doutrinas Luteranas.

Devido à grande necessidade de se intensificar a formação dos cristãos, começaram a surgir manuais para melhor instruí-los, onde o Catecismo era composto por perguntas e respostas, compiladas, em versões reduzidas intitulados como “pequenos catecismos”, em substituição à edição completa. A publicação mais importante produzida no século XX para a Igreja é o Catecismo da Igreja Católica, considerado o livro oficial de ensino religioso completo, contento informações claras sobre os conteúdos da fé.

Como não havemos de agradecer de todo coração ao Senhor, neste dia em que podemos oferecer a toda Igreja, com o título de “Catecismo da Igreja Católica”, este “texto de referência” para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé. [...] este Catecismo trará um contributo muito importante àquela obra de renovação da vida eclesial inteira, querida e iniciada pelo Vaticano II. (FD 1).

Conforme vimos acima, o surgimento do Catecismo da Igreja Católica marca a vida da Igreja em termo de produção escrita, mas não podemos esquecer que ele é um texto de fé, ou seja, doutrina da fé. Podemos agora deter o nosso olhar em torno dos grandes avanços que ocorreram no interior da Igreja, para melhor compreendermos o sentido da catequética. O século XX pode ser definido como o tempo em que a catequese ganhou bastante alterações, isso por causa de um grande evento na história da igreja, Concílio Vaticano II (1962-1965). Assiste-se agora a uma renovação, sobretudo pastoral, na maneira de compreender o conceito teológico trazido pelo catecismo.


Obs: Esse texto faz parte do trabalho monográfico: CATEQUESE NA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR: Uma análise através de um estudo de caso.

Monografia apresentada à Disciplina Monografia II ministrada pela Professora Maria Helena Rios e orientado pelo Professor Doutor Cândido da Costa e Silva como pré-requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Teologia da Universidade Católica do Salvador.

DIÁCONO RICARDO HENRIQUE OLIVEIRA SANTANA

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cultura laica menospreza beleza interior


Bispo do Funchal deixa alertas na celebração da Imaculada Conceição

O Bispo do Funchal, D. António Carrilho, lamentou que a cultura “laica” menospreze a beleza interior, instrumentalizando as mulheres.

“A cultura laica ocidental, aliciada pelo culto da imagem, explora e sobrevaloriza a beleza física da mulher, em detrimento da beleza interior e dos seus verdadeiros valores”, disse, na celebração da Imaculada Conceição que decorreu na Sé do Funchal.

Segundo o Bispo, “Maria Imaculada é expressão da excelsa beleza de Deus, a única Beleza que liberta, transfigura e salva”.

“O homem moderno, secularizado, envolvido em preocupações científicas, tem dificuldade, muitas vezes, em aceitar as intervenções sobrenaturais de Deus, porque escapam aos seus limitados saberes. Maria, porém, iluminada pelo Espírito Santo, abre-se totalmente a Deus e entrega-se, por inteiro, à realização do Seu desígnio de Salvação”, precisou.

D. António Carrilho lembrou “a grandeza e a dignidade de cada homem e de cada mulher, criados à imagem e semelhança de Deus”.

“O corpo humano não é apenas um suporte biológico da existência nem pode ser idolatrado, maltratado ou menosprezado, como acontece, tantas vezes, na sociedade contemporânea hedonista”, alertou.

Infelizmente, disse ainda, “não faltam vítimas desta exaltação desmesurada, bem como da violência, menosprezo e aviltamento de tanta gente indefesa, que, por força de certas circunstâncias, se vê enredada em situações indesejáveis”.

A terminar, o Bispo do Funchal falou do Advento, “o tempo favorável para escutar e percorrer o caminho da Palavra, uma Palavra sempre nova e bela, que cria intimidade com Deus e com os outros”.

Este responsável exprimiu a sua satisfação pela forma como está a decorrer visita da Imagem Peregrina: “Como Bispo desta Diocese, sinto grande alegria pela ressonância, que me tem chegado, da visita da Imagem Peregrina da Virgem de Fátima, às nossas comunidades paroquiais”.

EXTRAÍDO DI SITE: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=76577

sábado, 10 de outubro de 2009

DIACONATO: SERVIÇO DO CORAÇÃO


MENSAGEM


Agradeço de coração a todos os meus familiares e amigos, e de um modo especial meus pais e meus irmãos, por acreditarem na minha vocação. Há sete anos sair de casa, e decidir ser Padre. Hoje isso está mais próximo do que eu imaginava. Com muita sinceridade estou contando com a sua oração, para que eu e meus companheiros de turma, tenhamos a plena certeza da missão que estamos abraçando, o penúltimo passo da nossa vocação, a ordenação diaconal.

A data da ordenação está prevista para 12/12/09, porém aguarde a confirmação.

O que é um diácono? O diácono é um ministro religioso que, através do auxílio a um sacerdote, pode efetuar batizados, casamentos e fazer pregações. Em algumas comunidades pequenas, também administra templos e aconselha os fiéis.

Ser feliz é ter a sensibilidade de confessar: Eu preciso de você, e a alegria de dizer: Muito Obrigado!

Deus te abençoe sempre,

sábado, 18 de julho de 2009

“Os Bens Temporais (Riquezas)”


Introdução

Abordando o tema “os bens temporais”, tendo como base o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que visa recuperar os princípios da doutrina social da Igreja, o texto apresenta critérios de juízos e, orientações para a solução de problemas e críticas enfrentadas no âmbito pessoal, profissional, social e política. Neste aspecto a Igreja vai entrando no terceiro milênio valorizando o conteúdo que é apresentado pelo Compêndio da Doutrina Social, pois, ele é instrumento de santidade para uma sociedade mais humana, sendo, então, o compêndio uma arma que possui armamentos pesados de matéria e forma, possibilitando, assim, uma ajuda na formação dos fieis na evangelização política, social e cultural.

No que tange o tema da riqueza, a visão teológica desafia-nos a compreender que o uso dos bens temporais deve ser guiado pela palavra de Deus, revelada, principalmente no Antigo e Novo testamento. Na Rerum Novarum, Leão XII, afirma que, não há caminho social fora da orientação de Cristo, (Cf. Lc 16, 1-13; 19-31), pois a prática da justiça enobrece a nossa vida moral.

O Papa Leão XIII, com a Encíclica Rerum Novarum, deu início a uma série de documentos, hoje reconhecidos como base da Doutrina Social da Igreja. Ler, refletir e colocar em prática a mensagem destes documentos, mais do que uma obrigação, passa a ser um imperativo da nossa fé cristã.

Sem esquecer o fundamento teológico moral do compêndio destacamos que: o seu discurso toma um corpo dogmático, por isso, o papa João Paulo II não quis clericalizar o documento, mas sim inserir este material na vida do leigo, onde retirado do âmbito clerical entra agora na vida dos fiéis batizados [1]. Então, assim, a este opúsculo damos à inteira certeza que o uso dos bens temporais deve sempre retornar a orientação da doutrina da Igreja, que não se entrega facilmente a cultura de hoje, que diante caracteres éticos e morais fere a vida do ser humano.


1. Os Bens Temporais (Riquezas)

Os bens temporais são necessários para compor a vitalidade e a sobrevivência dos seres humanos, porém, temos que ter cuidados, e sempre a consciência nos dar uma chamada de atenção, para o uso imoderado de tais bens, ou seja, das riquezas, podendo nos tornar egoísta. É preciso satisfazer as nossas necessidades. Portanto, a riqueza deve provir das exigências e atos de justiça, tendo em mente sempre, a caridade perante todos os cidadãos. Cf. Lc 3, 11; 11-41. Assim nos orienta o Catecismo da Igreja Católica, vejamos, pois: “O décimo mandamento proíbe a avidez e o desejo de uma apropriação desmedida dos bens terrenos; proíbe a cupidez desmedida nascida da paixão imoderada das riquezas e de seus poder. Proíbe ainda o desejo de cometer uma injustiça pela qual se prejudicaria o próximo em seus bens temporais”[2].

Percebemos, deste modo, uma continuidade ao preceito do desprendimento das riquezas, sendo obrigatório para entrar no Reino de Deus. É importante salientar que, o décimo mandamento nos adverte sobre o perigo da ambição desmedida, alimentado pelo desejo desenfreado da riqueza.

Assim, um dos princípios da ética social, da doutrina social cristã, é que, “No princípio da destinação universal dos bens da terra está à base do direito universal o uso dos bens” [3]. Entretanto, o ser humano não pode ser identificado com os bens materiais que possui, mas tais bens devem satisfazer as suas necessidades naturais, que são indispensáveis para sua sobrevivência, como por exemplo: ter direito a moradia, alimentação; trabalho; saúde e crescimento. A finalidade do bem comum, a partir desta idéia, é que toda pessoa humana goze com eqüidade os bens terrenos, a riqueza.


2. Direito Canônico: Dos Bens Temporais da Igreja[4]

O Magistério indica o caminho seguro para construir as relações de convivência numa nova ordem social segundo critérios universais que podem ser aceitos por todos. Sobre os bens da Igreja, observemos:

Cân. 1254 - §1. A igreja católica, por direito nativo independentemente do poder civil, pode adquirir possuir, administrar e alienar bens temporais, para a consecução de seus fins próprios.

Cân §2. Seus principais fins próprios são: organizar o culto divino, cuidar do conveniente sustento do clero e dos demais ministros, praticar obras de sagrado apostolado e da caridade, principalmente em favor dos pobres.

Cân. 1257. Todos os bens temporais pertencentes á Igreja universal, a Sé Apostólica ou a outras pessoas jurídicas públicas na Igreja são bens eclesiásticos.

Cân 1259. A Igreja pode adquirir bens temporais por todos os modos legítimos de direito naturais e positivos que sejam lícitos aos outros.


3. Mundo econômico e mensagem bíblica[5]

Por ser Deus o único proprietário de todos os bens, manifesta sua vontade por meio da lei que regulamenta o seguinte: a distribuição da terra de Canaã; os ciclos de trabalho: (Cf. Lv. 25, 1-7); o destino dos frutos, as primícias da terra e os primogênitos dos animais pertencem a Deus. (Cf. Dt. 26, 1-3; 15, 19-23)

A propriedade do dinheiro também fica limitada através da proibição da usura, por que o empréstimo de dinheiro ou de mercadorias não é senão um serviço que se faz ao próximo, e a cobrança de juros danificam a solidariedade entre os membros do povo de Deus.

3.1 - Crítica da Propriedade da Riqueza[6]

Na tradição profética e na legislação social da Torá, encontram-se freqüentes críticas à propriedade dos bens econômicos, pois há uma obrigação de defender os socialmente fracos, ex. Amós (5, 10- 12; 8, 4-8), Reino do sul, Isaías, (10, 1-3). Convém, entretanto, recordar que a posse justa e moderada era reconhecida e estava sob a proteção do Decálogo. (Ex 20, 15.17; Dt 5, 19.21).

3.2 - Época Patrística: Partilha dos bens

Os Padres, portanto, não consideram os bens materiais maus em si. Tomemos como paradigma a sugestiva citação de São Basílio “Os bens desta vida com propriedade somente a Deus pertencem. Com a terra e as riquezas que nascem da terra sucede algo assim como com as máscaras dos autores que vão apresentar um drama ou comédia, umas vezes se mascaram deste jeito, outras de outro”.

Para ele os bens são naturalmente bons, primeiro porque foram criados e, segundo porque o mandamento de Deus não nos ensina repulsar os bens, mas sim que os administremos.

4. Carta Encíclica Populorum Progressio[7]

"Se um irmão ou uma irmã estiverem nus, diz são Tiago, e precisarem do alimento cotidiano e algum de vós lhes disserem: ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos, sem lhes dar o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará?”.

Hoje ninguém pode ignorar que, em continentes inteiros, são inumeráveis os homens e as mulheres torturados pela fome, inumeráveis as crianças subalimentadas, a ponto de morrer uma grande parte delas em tenra idade e o crescimento físico e o desenvolvimento mental de muitas outras correrem perigo. E todos sabem que regiões inteiras estão por este mesmo fato condenadas ao mais triste desânimo.

"Enchei a terra e dominai-a"(19): logo desde a primeira página, a Bíblia ensina-nos que toda a criação é para o homem, com a condição de ele aplicar o seu esforço inteligente em valorizá-la e, pelo seu trabalho, por assim dizer, completá-la em seu serviço. Se a terra é feita para fornecer a cada um os meios de subsistência e os instrumentos do progresso, todo o homem tem direito, portanto, de nela encontrar o que lhe é necessário.

O recente Concílio lembrou-o: "Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao uso de todos os homens e de todos os povos, de modo que os bens da criação afluam com eqüidade às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade”. (20) Todos os outros direitos, quaisquer que sejam, incluindo os de propriedade e de comércio livre, estão-lhe subordinados: não devem portanto impedir, mas, pelo contrário, facilitar a sua realização; e é um dever social grave e urgente conduzi-los à sua finalidade primeira.

4.1 - O Destino Universal dos Bens

"Enchei a terra e dominai-a"(19): logo desde a primeira página, a Bíblia ensina-nos que toda a criação é para o homem, com a condição de ele aplicar o seu esforço inteligente em valorizá-la e, pelo seu trabalho, por assim dizer, completá-la em seu serviço. Se a terra é feita para fornecer a cada um os meios de subsistência e os instrumentos do progresso, todo o homem tem direito, portanto, de nela encontrar o que lhe é necessário.

O recente Concílio lembrou-o: "Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao uso de todos os homens e de todos os povos, de modo que os bens da criação afluam com eqüidade às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade”. (20) Todos os outros direitos, quaisquer que sejam, incluindo os de propriedade e de comércio livre, estão-lhe subordinados: não devem portanto impedir, mas, pelo contrário, facilitar a sua realização; e é um dever social grave e urgente conduzi-los à sua finalidade primeira.

5. O Uso dos Rendimentos

O bem comum exige por vezes a expropriação, se certos domínios formam obstáculos à prosperidade coletiva, pelo fato da sua extensão, da sua exploração fraca ou nula, da miséria que daí resulta para as populações, do prejuízo considerável causado aos interesses do país.

Afirmando-o com clareza, o Concílio também lembrou, não menos claramente, que o rendimento disponível não está entregue ao livre capricho dos homens, e que as especulações egoístas devem ser banidas.

Assim, não é admissível que cidadãos com grandes rendimentos, provenientes da atividade e dos recursos nacionais, transfiram uma parte considerável para o estrangeiro, com proveito apenas pessoal, sem se importarem do mal evidente que com isso causam à pátria.

6. Catecismo da Igreja Católica

Jesus ordena aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos e lhes propõe que renunciem todos os bens (Cf. Lc 14,33), por causa dele e do evangelho. Pouco antes de sua paixão, deu-lhes como exemplo a pobre viúva de Jerusalém que, de sua indigência, deu tudo que possuía para viver. O preceito do desprendimento das riquezas é obrigatório pra se entrar no Reino dos céus.

Todos os fiéis de Cristo devem dirigir retamente seus afetos para que, por causa do uso das coisas mundanas, por causa do apego às riquezas contra o espírito da pobreza evangélica, não sejam impedidos de tender à perfeição da caridade. (n. 2544)

Coclusão

Por fim, sobre o significado e o dinamismo da Doutrina Social da Igreja. D exame da natureza e da dimensão histórica da Doutrina Social da Igreja e o dos seus elementos constitutivos, como sejam princípios fundamentais, os critérios de juízo e as diretrizes de ação, obtém-se a convicção de que ela, constituindo um patrimônio rico e objetivo, tem o interesse em defender a vida da pessoa, juntamente com os bens que o mundo deve lhe oferecer. A defesa dos mais pobres está de forma objetiva na vida da Igreja. O dever da doutrina é através do evangelho iluminar o caminho de todos os seres humanos, onde possam encontrar neste ensinamento, um rumo seguro ao desenvolvimento e libertação integral do homem, frente o uso dos bens materiais.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

RINCÓN, Orduña. Práxis cristã. Tradução Álvaro Cunha, Benno Brod). São Paulo: Paulinas . 1983- 1988. pp. 23-27.

Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Pontifício Conselho justiça e paz. CNBB, São Paulo: Paulinas, 2005. N. 172

Catecismo da Igreja Católica.

Bíblia de Jerusalém. Paulus: 2002.

Encíclica Populorum Progressio. Paulo XI (26 de março de 1967).

Dicionário crítico de teologia. YVES. Jean Lacoste: (tradução Paulo Menezes). São Paulo: Paulinas: Edições Loyola. 2004.


[1] Conferência promovida pela UCSAL no dia 1 de outubro de 2007, ás 19h00min, onde houve a apresentação do Compêndio Social da Igreja, com a participação do Cardeal Renato Raffale Martino, Presidente da Pontifícia comissão de justiça e paz do Vaticano. O evento fora realizado no auditório da Pós Graduação da UCSAL – Campus Garibaldi.

[2] CIC, 2536.

[3] Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Pontifício Conselho justiça e paz. CNBB, São Paulo: Paulinas, 2005. N. 172.

[4] Código de Direito Canônico.

[5] RINCÓN, Orduña. Práxis cristã. Tradução Álvaro Cunha, Benno Brod). São Paulo: Paulinas. 1983- 1988. pp. 23-27.

[6] Idem.

[ 7] Encíclica Populorum Progressio. Paulo XI (26 de março de 1967).

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cumprindo a vontade de Deus


Quem é o profeta?

O termo grego prophetes dá origem as palavras "profeta" e "profecia". No contexto bíblico, os principais mediadores são o sacerdotes e os profetas (Cf. Jz 18,5-7; I Sm 14,36-46; 30,3-8). Entretanto para conhecer a vontade de Deus, os principais mediadores são os profetas. São os únicos aceitos pelo Deuterômio (Dt 18, 9-22).

* O Profeta é aquele que prediz o que irá acontecer, ele conhece as coisas ocultas.

*São pessoas inspiradas que pretende falar em nome de Deus.

*O Profeta é investido de uma suprema missão: orientar o curso da história no sentido desejado por Deus (Cf. Jr 1,5). Ele tem o poder de abater e demolir, destruir e derrubar, construir e plantar.

* "O profeta pensa, prega e age na vida cotidiana de seu povo (Cf. Ex 3,1-22).

* O profeta tem uma profunda experiência com a pessoa de Deus; ele transmite aquilo que Deus quer (Cf. Am 3,8).

O que é profetismo?

Nabismo (Nabî), é uma instituição profética. Para melhor compreender o que é o profetismo: É o aparecimento do sobrenatural na história da humanidade. É difícil apagar na história os atos e os gestos de Deus na vida do seu povo. O profeta Amós fala que o seu chamado foi como ouvir um rugido de um leão, ou seja, quando o Senhor fala todos obedecem. A história que fazemos parte está inserida na história de Deus ( Da cepa brotou a rama, da rama brotou a flor, da flor nasceu Maria, de Maria o Salvador). Sem o profetismo a história de Israel seria imcompreensível, sendo um dos fatos mais importantes na história do povo da bíblia.

"O profetismo começa em Israel somente no período da monárquia, com Davi. Gad e Natã são os primeiros profetas. No entanto, Abraão é chamado de profeta em Gn 20,7). Segundo o livro de Oséias, Moisés é o profeta por meio do qual o senhor tirou Israel do Egito e o guardou (cf. Os 12,14)."

Profetismo e Vocação Profética

Importância e Missão do Profetismo: Defender a Aliança = O javismo.

Êxodo: Teofania; Revelação do nome; Aliança e Normas. É neste contexto que encontramos a manifestação de Deus à Moisés, no Monte Sinai, que se aparece num arbusto seco entre outros sinais (Ex 3,1-6; 19,1-24).

“A ALIANÇA fará de Israel o bem pessoal e sagrado de Javé (cf. Jr 2,3), um povo consagrado (Dt 7,6; 26,19) ou santo ( cf. Lv 19,2)”.

No Javismo (sentido a partir de Javé, o Deus de Moisés ) não acaba só no culto, mas também impulsiona a missão do profeta, que se manifesta na vida, em todas as suas expressões mantendo firme a ligação entre Deus e o Povo.

A vocação profética:

1.Moisés: vocação de um profeta e libertador (cf. Dt, 18,15);

2. Samuel: profeta mediador entre Deus e o povo (cf. 1Sm 3,1-4,1);

3. Elias:o profeta do povo (cf. IRs 18-19; Ml 3,23-24);

4. Eliseu: chamado para continuar a missão de Elias (cf. 1Rs 19,16.19-21; confirmação da misão: 2Rs 2);

5. Isaías: vocação para a denúncia e o anúncio (cf. Is 6,1-10);

6. Jeremias: escolhido para destruir, arrancar e plantar. Mas ele tem medo (cf. Jr 1,4-17);

7. Jonas: vocação marcado pelo medo da conversão do opressor (cf. 2Rs 14,25);

8. Jesus: síntese da vocação profética na perspectiva cristã (cf. Lc 4,14-22).


Ricardo Henrique

Introdução à Teologia Fundamental


Resumo
FISICHELLA, Rino. Introdução à Teologia Fundamental. São Paulo: Loyola, 2000.

No livro de René Fisichella, nos é apresentado o tríper que dá fundamento a realidade apresentada pela Teologia: Escritura, Tradição e Magistério. Essa tríade que o autor destaca, vem enobrecer o conteúdo que a “Teologia Fundamental” vai evidenciar, o dado da Revelação, pois o conteúdo revelado no NT é a própria pessoa de Cristo, sinal de Salvação que é oferecida a toda humanidade, através do anúncio do Reino de Deus, concretizado nele e por Ele. O verbo encarnado profetiza a vinda do reino, e indica onde ele se realiza. A teologia fundamental experimenta um período marcante na sua história com a apologética, um modo de defesa da fé. Fisichella, com bastante sapiêcia comenta que após o Vaticano II, com a promulgação da Dei verbum, a teologia fundamental passou a ser valorizada a partir de tal citação bíblica que diz: antes santificai a Cristo, o Senhor, em vossos corações, estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todos aqueles que vo-la pede (I Pd 3,15). A constituição dogmática Dei Verbum mostra-nos a importância que deve ser dada a Palavra de Deus, na condução da vida da comunidade de fé. O autor nos apresenta que a hermenêutica deve ser considerada um dos caminhos fundamentais para analisar o valor da palavra Para evidenciar com segurança a redescoberta da Revelação, cita a Lúmen Gentium, Gandium Spes e Dei Verbum, todos, documentos elaborados no desvelar do Vaticano II. Por fim, analisando o terceiro capítulo, cujo título é “Teologia Fundamental como Teologia”, observamos que o autor escreve com objetividade afirmando “Para a teologia fundamental em particular, deve-se observar que seu objetivo de estudo é o evento da revelação e a fé que nela depositam os cristãos” (p. 56). A adesão para crê em algo carrega o caráter pessoal, a teologia fundamental apresenta-nos Cristo, ápice da atitude reveladora, pois, a mesma não pode impor a ninguém que aceite, ela considera e respeita a liberdade de cada homem e mulher.

VIDA ESPIRITUAL: NINGUÉM CAMINHA SOZINHO


Orai, orai sempre!

O primeiro aspecto da vida cristã.

A oração reflete-se sobre o futuro humano, funda-se sobre a fé que o indivíduo e toda comunidade têm na dimensão da graça. A oração é mais que tudo a experiência do primado do AGIR de Deus em cada alma orante.

Conceito

A espiritualidade cristã consiste "no modo de viver característico de um cristão que trata de conseguir sua perfeição sobrenatural. O programa fundamental desta espiritualidade cristã consiste em chegar à plena configuração com Cristo - na medida e graça predestinadas a cada um - para o louvor da glória da Trindade beatíssima" (Marin, Royo, "Espiritualidad de los seglares", BAC, Madrid, 1967, pg.3). [1]

“Todas as religiões do mundo possuem uma espiritualidade e alimentam a vida espiritual de seus adeptos através de seus ensinamentos, ritos[2] e tradições[3]. No decurso dos séculos, as várias espiritualidades religiosas desenvolveram-se e sofreram mudanças de acordo com a evolução da cultura e da civilização”. [4]


Tipos de Espiritualidades (A palavra de Deus é a maior dádiva pregada por Cristo):

Espiritualidade da autoridade→ Reporta aos séculos XI e XII, fundamentada na teologia política da Cidade de Deus de Santo Agostinho. O período que marca esta época é a Idade Média (força de expressão na arte – crescimento cultural). Quem tinha lugar para contemplar este mistério na autoridade eram: o Imperador, o Papa e o Abade.

Espiritualidade Laical → O objetivo pela santidade é proposto para todas as pessoas que optam pela vida consagrada, mas também a todos os fiéis, que receberam o dom de se regenerado em Cristo (batismo).

Ele é denominado Batismo com base no rito central pelo qual é realizado: batizar (“baptízein”, em grego) significa “mergulhar”, “imergir”; “o mergulho” na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele ressuscita como “nova criatura” (2 Cor 5,17; Gl 6,15). Este sacramento é também chamado “o banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo” (Tt 3,5), pois, ele significa e realiza este nascimento a partir da água e do Espírito, sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).[5]

Os leigos com sua espiritualidade animam a vida da Igreja, constituído assim um rico patrimônio espiritual também para a humanidade. São enfim, verdadeiros cristãos no mundo.

Ser íntimo de Deus

A espiritualidade se torna mais fecunda quando se dedica “algum tempo á oração e alimentar a oração e atividades com o estudo bíblico, teológico e doutrinal; viver de Cristo e de sua graça através, de uma freqüência assídua aos sacramentos da reconciliação e a eucaristia – eis aqui as exigências fundamentais de toda a vida profundamente cristã”[6].


CONTEMPLAÇÃO

O que se entende por contemplação? “Uma atividade contemplativa compreende-se pela busca mais ou menos metódica do conhecimento das realidades superiores” [7].

No Cristianismo sempre se destacaram as comunidades contemplativas, que até hoje é perpetuada pelos monges. Na contemplação é muito importante não esquecer que é a palavra de Deus é a fonte de contemplação, por isso, a Lectio Divina (Leitura Orante) é uma prática comum na vida da igreja católica.

Contemplar o que a Igreja nos ensina

1º) A Contemplação na Escritura Sagrada→ é na Oração do Shemá Israel (Cf. Dt 11,13-21), que há uma advertência feita por Deus, ao seu povo, convidando-os a guardarem a sua palavra no coração. É nesta contemplação que se descobre o fruto de uma vida caridosa. Assim diz São João da Cruz: “Seremos julgados no amor”.

2º) A Contemplação na Tradição Cristã→ Nos escritos dos padres da Igreja (Escritores Eclesiásticos: Tertuliano, Orígenes, Eusébio de Cesareia/ Doutores da Igreja: Ocidente: Ambrósio, Jerónimo, Agostinho e Gregório Magno/ Oriente: Atanásio, Basílio, Gregório de Nazianzeno e João Crisóstomo), vemos que é muito importante buscar a pessoa de Cristo. Cristo é a essência da fé, seja na ascese[8], na ação, afetividade e meditação. Logo, a contemplação não é um fim em si mesma, mas é uma mediação para obter a união com Deus. São Gregório Magno, Santo Agostinho, São Bernado, sempre tentaram conciliar as duas exigênicias da vida cristã: a ação e contemplação.

As principais formas de oração contemplativa cristã:

a) A oração litúrgica→ O ciclo deta oração é a nossa vida unida com a de Cristo, comemorando sempre o mistério pascal - vida, morte e ressurreição (Cf. Mt 18,20; 28, 16-20)

Mas para que que seja plena a eficácia da liturgia, é preciso que os fiéis se aproximem dela com as melhores disposições interiores, que seu coração aocmpanhe sua voz, que cooperem com a graça do alto e não a recebam em vão. Cuidem, pois, os pastores que, além de se observar exigências de validade e liceidade das celebrações, os fiéis prticipem da liturgia de maneira ativa e frutuosa, sabendo o que estão fazendo[9].

b) A oração contemplativa pessoal→ É também chamada de meditação. Esta oração para a Igreja tem como fundamento a lectio divina. Nesta leitura saborosa e atenta sobre a bíblia, lendo-a e mditando, se percebe que Deus fala através de sinais, situações e fatos ocorridos no dia-dia, pessoas e com o nosso testemunho de vida.

c) A Contemplação mística→ A contemplação mística se baseia de um lado no fato de que Deus pode agir diretamente na alma. Todos autores místicos como por exemplo: Santa Teresa Davila, São João da Cruz, Meste Ekhart, Teresinha do Menino Jesus, consideram que exitstem vários níveis de atividade da alma:

*Nível Comum – onde se manifestam as ações de Deus, através do conhecimento racional e discursivo, ou seja, conhecer a Deus liga-nos para conhecer o seu amor.

*Nível Superior – Deus se apresenta através de modo simples, do conhecimneto e adesão.

A presença de Deus na alma é presença ativa (Cf. Jo 14 – 16; Rm 8; Ef 3). O dom da contemplação mística nos capacita a aprender que DEUS age por meio do Espírito Santo (Cf. Rm 5,5), e está presente sobrenaturalmente. Por isso, que se valendo de símbolos, Santa Teresa, em seu livro “Castelo Interior” que contêm múltiplas moradas; faz-nos perceber que na instância central encontra-se Deus. Portanto, não esqueçamos que a contemplação é um elemento essencial da vida cristã.

Crise na vida Cristã

A palavra grega Krisis (eleição, opção e juízo) tem um sentido que precisa ser melhor copreendido por cada um de nós. O substantivo deriva do verbo Krino que dizer, elejo ou escolho, prefiro, decido ou julgo. No vocabulário latino, o significado fundamnetal de CRISE se restringe ao conceito “decisão”. A crise é o momento mais agudo de uma experiência de vida, podendo ser identicada em algumas situções como por exemplo, na política, no social, condição financeira, estado psicológico e no caminho de fé (Cf. Ec 44,4).

A Crise espiritual

a) Crise teologal: A crise do homem e da mulher diante do sagrado, chegando a se afirmar que “Deus não é assim” ou declarando “A morte de Deus”, esses fatos se classificam como dessacralização.

b) Crise ética: É quando o caminho da fé e a nossa vontade não condiz com a vontade de Deus, nos distaciando de sua presença (Cf. Jo 8,44; 15, 22-24).

c) Crise institucional: Vista no horizonte espiritual. São em particular a queda da espiritualidade na experiência de fé da família, Igreja, sacramentos, entre os quais está presente a vida do leigo e do sacerdote, podendo ser identicada em algum momento crise nas vocações. O documento do Concílio Vaticano II (1962-1965), Lumen Gentium, destaca o valor da família (n. 11) e a fidelidade da Igreja (n.8).

Orientações para superar a crise

A teologia espiritual possui sugestões próprias para superar a crise:

1º) REALISMO→ Situar a crise em sua verdadeira dimensão;

2º) OTIMISMO→ Valorizar o positivo da crise;

3º) GLOBALIDADE→ Considerar a situação em sua totalidade (Cf. Pr 14,8);

4º) CULTURA→ Volarizar na cultura a promoção humana (Cf. Sb 9,18-21);

5º)EXEMPLARIDADE→ Procurar vê bons exemplos de espitualidade (Cf. Hb 6,1)

6º) COMUNHÃO→ Comunicar a que você confia a sua própria situação de crise (Cf. Ecl 4,9ª.10b)

7º) ASCETISMO→ Sentir a crise e cosiderá-la como momento de profunda purificação (Cf. I Pd 1,15);

8º) MÍSTICA→ Transformar a crise em um lugar de encontro com Deus (Cf. Mt 6,6);

9º) ORAÇÃO→ Levar ao diálogo da oração com Deus a condição da crise (Cf. Ef 5,19-20);

10º) ESPERA→ Contenplar com esperança cada momento de crise (Jd 21).


[2] 1.As regras e cerimônias próprias da prática de uma religião. 2.Culto; religião. 3.Qualquer cerimônia sagrada ou simbólica.

[3] 1.Ato de transmitir ou entregar. 2.Transmissão oral de lendas, mitos, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração. 3.Conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados.

[4] SHCLESINGER, Hugo. Dicionário Enciclopédico das Religiões.Verbete - Espiritualidade. Petrópolis, RJ, Vozes, 1995.

[5] CIC, 1214-1215.

[6] Idem.

[7] Dicionário de Espiritualidade.Verbete –Contemplação. Edições Paulinas, 1989.

[8] ; Exercício prático que leva à efetiva realização da virtude.

[9] SACROSSANCTUM CONCILIUM. Constituição Sobre a Sagrada Liturgia. Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: 6º Edição.Paulinas, 2004 – João Paulo II, n.11.


Ricardo Henrique - 30/09/07

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