sábado, 18 de julho de 2009

“Os Bens Temporais (Riquezas)”


Introdução

Abordando o tema “os bens temporais”, tendo como base o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que visa recuperar os princípios da doutrina social da Igreja, o texto apresenta critérios de juízos e, orientações para a solução de problemas e críticas enfrentadas no âmbito pessoal, profissional, social e política. Neste aspecto a Igreja vai entrando no terceiro milênio valorizando o conteúdo que é apresentado pelo Compêndio da Doutrina Social, pois, ele é instrumento de santidade para uma sociedade mais humana, sendo, então, o compêndio uma arma que possui armamentos pesados de matéria e forma, possibilitando, assim, uma ajuda na formação dos fieis na evangelização política, social e cultural.

No que tange o tema da riqueza, a visão teológica desafia-nos a compreender que o uso dos bens temporais deve ser guiado pela palavra de Deus, revelada, principalmente no Antigo e Novo testamento. Na Rerum Novarum, Leão XII, afirma que, não há caminho social fora da orientação de Cristo, (Cf. Lc 16, 1-13; 19-31), pois a prática da justiça enobrece a nossa vida moral.

O Papa Leão XIII, com a Encíclica Rerum Novarum, deu início a uma série de documentos, hoje reconhecidos como base da Doutrina Social da Igreja. Ler, refletir e colocar em prática a mensagem destes documentos, mais do que uma obrigação, passa a ser um imperativo da nossa fé cristã.

Sem esquecer o fundamento teológico moral do compêndio destacamos que: o seu discurso toma um corpo dogmático, por isso, o papa João Paulo II não quis clericalizar o documento, mas sim inserir este material na vida do leigo, onde retirado do âmbito clerical entra agora na vida dos fiéis batizados [1]. Então, assim, a este opúsculo damos à inteira certeza que o uso dos bens temporais deve sempre retornar a orientação da doutrina da Igreja, que não se entrega facilmente a cultura de hoje, que diante caracteres éticos e morais fere a vida do ser humano.


1. Os Bens Temporais (Riquezas)

Os bens temporais são necessários para compor a vitalidade e a sobrevivência dos seres humanos, porém, temos que ter cuidados, e sempre a consciência nos dar uma chamada de atenção, para o uso imoderado de tais bens, ou seja, das riquezas, podendo nos tornar egoísta. É preciso satisfazer as nossas necessidades. Portanto, a riqueza deve provir das exigências e atos de justiça, tendo em mente sempre, a caridade perante todos os cidadãos. Cf. Lc 3, 11; 11-41. Assim nos orienta o Catecismo da Igreja Católica, vejamos, pois: “O décimo mandamento proíbe a avidez e o desejo de uma apropriação desmedida dos bens terrenos; proíbe a cupidez desmedida nascida da paixão imoderada das riquezas e de seus poder. Proíbe ainda o desejo de cometer uma injustiça pela qual se prejudicaria o próximo em seus bens temporais”[2].

Percebemos, deste modo, uma continuidade ao preceito do desprendimento das riquezas, sendo obrigatório para entrar no Reino de Deus. É importante salientar que, o décimo mandamento nos adverte sobre o perigo da ambição desmedida, alimentado pelo desejo desenfreado da riqueza.

Assim, um dos princípios da ética social, da doutrina social cristã, é que, “No princípio da destinação universal dos bens da terra está à base do direito universal o uso dos bens” [3]. Entretanto, o ser humano não pode ser identificado com os bens materiais que possui, mas tais bens devem satisfazer as suas necessidades naturais, que são indispensáveis para sua sobrevivência, como por exemplo: ter direito a moradia, alimentação; trabalho; saúde e crescimento. A finalidade do bem comum, a partir desta idéia, é que toda pessoa humana goze com eqüidade os bens terrenos, a riqueza.


2. Direito Canônico: Dos Bens Temporais da Igreja[4]

O Magistério indica o caminho seguro para construir as relações de convivência numa nova ordem social segundo critérios universais que podem ser aceitos por todos. Sobre os bens da Igreja, observemos:

Cân. 1254 - §1. A igreja católica, por direito nativo independentemente do poder civil, pode adquirir possuir, administrar e alienar bens temporais, para a consecução de seus fins próprios.

Cân §2. Seus principais fins próprios são: organizar o culto divino, cuidar do conveniente sustento do clero e dos demais ministros, praticar obras de sagrado apostolado e da caridade, principalmente em favor dos pobres.

Cân. 1257. Todos os bens temporais pertencentes á Igreja universal, a Sé Apostólica ou a outras pessoas jurídicas públicas na Igreja são bens eclesiásticos.

Cân 1259. A Igreja pode adquirir bens temporais por todos os modos legítimos de direito naturais e positivos que sejam lícitos aos outros.


3. Mundo econômico e mensagem bíblica[5]

Por ser Deus o único proprietário de todos os bens, manifesta sua vontade por meio da lei que regulamenta o seguinte: a distribuição da terra de Canaã; os ciclos de trabalho: (Cf. Lv. 25, 1-7); o destino dos frutos, as primícias da terra e os primogênitos dos animais pertencem a Deus. (Cf. Dt. 26, 1-3; 15, 19-23)

A propriedade do dinheiro também fica limitada através da proibição da usura, por que o empréstimo de dinheiro ou de mercadorias não é senão um serviço que se faz ao próximo, e a cobrança de juros danificam a solidariedade entre os membros do povo de Deus.

3.1 - Crítica da Propriedade da Riqueza[6]

Na tradição profética e na legislação social da Torá, encontram-se freqüentes críticas à propriedade dos bens econômicos, pois há uma obrigação de defender os socialmente fracos, ex. Amós (5, 10- 12; 8, 4-8), Reino do sul, Isaías, (10, 1-3). Convém, entretanto, recordar que a posse justa e moderada era reconhecida e estava sob a proteção do Decálogo. (Ex 20, 15.17; Dt 5, 19.21).

3.2 - Época Patrística: Partilha dos bens

Os Padres, portanto, não consideram os bens materiais maus em si. Tomemos como paradigma a sugestiva citação de São Basílio “Os bens desta vida com propriedade somente a Deus pertencem. Com a terra e as riquezas que nascem da terra sucede algo assim como com as máscaras dos autores que vão apresentar um drama ou comédia, umas vezes se mascaram deste jeito, outras de outro”.

Para ele os bens são naturalmente bons, primeiro porque foram criados e, segundo porque o mandamento de Deus não nos ensina repulsar os bens, mas sim que os administremos.

4. Carta Encíclica Populorum Progressio[7]

"Se um irmão ou uma irmã estiverem nus, diz são Tiago, e precisarem do alimento cotidiano e algum de vós lhes disserem: ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos, sem lhes dar o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará?”.

Hoje ninguém pode ignorar que, em continentes inteiros, são inumeráveis os homens e as mulheres torturados pela fome, inumeráveis as crianças subalimentadas, a ponto de morrer uma grande parte delas em tenra idade e o crescimento físico e o desenvolvimento mental de muitas outras correrem perigo. E todos sabem que regiões inteiras estão por este mesmo fato condenadas ao mais triste desânimo.

"Enchei a terra e dominai-a"(19): logo desde a primeira página, a Bíblia ensina-nos que toda a criação é para o homem, com a condição de ele aplicar o seu esforço inteligente em valorizá-la e, pelo seu trabalho, por assim dizer, completá-la em seu serviço. Se a terra é feita para fornecer a cada um os meios de subsistência e os instrumentos do progresso, todo o homem tem direito, portanto, de nela encontrar o que lhe é necessário.

O recente Concílio lembrou-o: "Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao uso de todos os homens e de todos os povos, de modo que os bens da criação afluam com eqüidade às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade”. (20) Todos os outros direitos, quaisquer que sejam, incluindo os de propriedade e de comércio livre, estão-lhe subordinados: não devem portanto impedir, mas, pelo contrário, facilitar a sua realização; e é um dever social grave e urgente conduzi-los à sua finalidade primeira.

4.1 - O Destino Universal dos Bens

"Enchei a terra e dominai-a"(19): logo desde a primeira página, a Bíblia ensina-nos que toda a criação é para o homem, com a condição de ele aplicar o seu esforço inteligente em valorizá-la e, pelo seu trabalho, por assim dizer, completá-la em seu serviço. Se a terra é feita para fornecer a cada um os meios de subsistência e os instrumentos do progresso, todo o homem tem direito, portanto, de nela encontrar o que lhe é necessário.

O recente Concílio lembrou-o: "Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao uso de todos os homens e de todos os povos, de modo que os bens da criação afluam com eqüidade às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade”. (20) Todos os outros direitos, quaisquer que sejam, incluindo os de propriedade e de comércio livre, estão-lhe subordinados: não devem portanto impedir, mas, pelo contrário, facilitar a sua realização; e é um dever social grave e urgente conduzi-los à sua finalidade primeira.

5. O Uso dos Rendimentos

O bem comum exige por vezes a expropriação, se certos domínios formam obstáculos à prosperidade coletiva, pelo fato da sua extensão, da sua exploração fraca ou nula, da miséria que daí resulta para as populações, do prejuízo considerável causado aos interesses do país.

Afirmando-o com clareza, o Concílio também lembrou, não menos claramente, que o rendimento disponível não está entregue ao livre capricho dos homens, e que as especulações egoístas devem ser banidas.

Assim, não é admissível que cidadãos com grandes rendimentos, provenientes da atividade e dos recursos nacionais, transfiram uma parte considerável para o estrangeiro, com proveito apenas pessoal, sem se importarem do mal evidente que com isso causam à pátria.

6. Catecismo da Igreja Católica

Jesus ordena aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos e lhes propõe que renunciem todos os bens (Cf. Lc 14,33), por causa dele e do evangelho. Pouco antes de sua paixão, deu-lhes como exemplo a pobre viúva de Jerusalém que, de sua indigência, deu tudo que possuía para viver. O preceito do desprendimento das riquezas é obrigatório pra se entrar no Reino dos céus.

Todos os fiéis de Cristo devem dirigir retamente seus afetos para que, por causa do uso das coisas mundanas, por causa do apego às riquezas contra o espírito da pobreza evangélica, não sejam impedidos de tender à perfeição da caridade. (n. 2544)

Coclusão

Por fim, sobre o significado e o dinamismo da Doutrina Social da Igreja. D exame da natureza e da dimensão histórica da Doutrina Social da Igreja e o dos seus elementos constitutivos, como sejam princípios fundamentais, os critérios de juízo e as diretrizes de ação, obtém-se a convicção de que ela, constituindo um patrimônio rico e objetivo, tem o interesse em defender a vida da pessoa, juntamente com os bens que o mundo deve lhe oferecer. A defesa dos mais pobres está de forma objetiva na vida da Igreja. O dever da doutrina é através do evangelho iluminar o caminho de todos os seres humanos, onde possam encontrar neste ensinamento, um rumo seguro ao desenvolvimento e libertação integral do homem, frente o uso dos bens materiais.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

RINCÓN, Orduña. Práxis cristã. Tradução Álvaro Cunha, Benno Brod). São Paulo: Paulinas . 1983- 1988. pp. 23-27.

Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Pontifício Conselho justiça e paz. CNBB, São Paulo: Paulinas, 2005. N. 172

Catecismo da Igreja Católica.

Bíblia de Jerusalém. Paulus: 2002.

Encíclica Populorum Progressio. Paulo XI (26 de março de 1967).

Dicionário crítico de teologia. YVES. Jean Lacoste: (tradução Paulo Menezes). São Paulo: Paulinas: Edições Loyola. 2004.


[1] Conferência promovida pela UCSAL no dia 1 de outubro de 2007, ás 19h00min, onde houve a apresentação do Compêndio Social da Igreja, com a participação do Cardeal Renato Raffale Martino, Presidente da Pontifícia comissão de justiça e paz do Vaticano. O evento fora realizado no auditório da Pós Graduação da UCSAL – Campus Garibaldi.

[2] CIC, 2536.

[3] Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Pontifício Conselho justiça e paz. CNBB, São Paulo: Paulinas, 2005. N. 172.

[4] Código de Direito Canônico.

[5] RINCÓN, Orduña. Práxis cristã. Tradução Álvaro Cunha, Benno Brod). São Paulo: Paulinas. 1983- 1988. pp. 23-27.

[6] Idem.

[ 7] Encíclica Populorum Progressio. Paulo XI (26 de março de 1967).

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cumprindo a vontade de Deus


Quem é o profeta?

O termo grego prophetes dá origem as palavras "profeta" e "profecia". No contexto bíblico, os principais mediadores são o sacerdotes e os profetas (Cf. Jz 18,5-7; I Sm 14,36-46; 30,3-8). Entretanto para conhecer a vontade de Deus, os principais mediadores são os profetas. São os únicos aceitos pelo Deuterômio (Dt 18, 9-22).

* O Profeta é aquele que prediz o que irá acontecer, ele conhece as coisas ocultas.

*São pessoas inspiradas que pretende falar em nome de Deus.

*O Profeta é investido de uma suprema missão: orientar o curso da história no sentido desejado por Deus (Cf. Jr 1,5). Ele tem o poder de abater e demolir, destruir e derrubar, construir e plantar.

* "O profeta pensa, prega e age na vida cotidiana de seu povo (Cf. Ex 3,1-22).

* O profeta tem uma profunda experiência com a pessoa de Deus; ele transmite aquilo que Deus quer (Cf. Am 3,8).

O que é profetismo?

Nabismo (Nabî), é uma instituição profética. Para melhor compreender o que é o profetismo: É o aparecimento do sobrenatural na história da humanidade. É difícil apagar na história os atos e os gestos de Deus na vida do seu povo. O profeta Amós fala que o seu chamado foi como ouvir um rugido de um leão, ou seja, quando o Senhor fala todos obedecem. A história que fazemos parte está inserida na história de Deus ( Da cepa brotou a rama, da rama brotou a flor, da flor nasceu Maria, de Maria o Salvador). Sem o profetismo a história de Israel seria imcompreensível, sendo um dos fatos mais importantes na história do povo da bíblia.

"O profetismo começa em Israel somente no período da monárquia, com Davi. Gad e Natã são os primeiros profetas. No entanto, Abraão é chamado de profeta em Gn 20,7). Segundo o livro de Oséias, Moisés é o profeta por meio do qual o senhor tirou Israel do Egito e o guardou (cf. Os 12,14)."

Profetismo e Vocação Profética

Importância e Missão do Profetismo: Defender a Aliança = O javismo.

Êxodo: Teofania; Revelação do nome; Aliança e Normas. É neste contexto que encontramos a manifestação de Deus à Moisés, no Monte Sinai, que se aparece num arbusto seco entre outros sinais (Ex 3,1-6; 19,1-24).

“A ALIANÇA fará de Israel o bem pessoal e sagrado de Javé (cf. Jr 2,3), um povo consagrado (Dt 7,6; 26,19) ou santo ( cf. Lv 19,2)”.

No Javismo (sentido a partir de Javé, o Deus de Moisés ) não acaba só no culto, mas também impulsiona a missão do profeta, que se manifesta na vida, em todas as suas expressões mantendo firme a ligação entre Deus e o Povo.

A vocação profética:

1.Moisés: vocação de um profeta e libertador (cf. Dt, 18,15);

2. Samuel: profeta mediador entre Deus e o povo (cf. 1Sm 3,1-4,1);

3. Elias:o profeta do povo (cf. IRs 18-19; Ml 3,23-24);

4. Eliseu: chamado para continuar a missão de Elias (cf. 1Rs 19,16.19-21; confirmação da misão: 2Rs 2);

5. Isaías: vocação para a denúncia e o anúncio (cf. Is 6,1-10);

6. Jeremias: escolhido para destruir, arrancar e plantar. Mas ele tem medo (cf. Jr 1,4-17);

7. Jonas: vocação marcado pelo medo da conversão do opressor (cf. 2Rs 14,25);

8. Jesus: síntese da vocação profética na perspectiva cristã (cf. Lc 4,14-22).


Ricardo Henrique

Introdução à Teologia Fundamental


Resumo
FISICHELLA, Rino. Introdução à Teologia Fundamental. São Paulo: Loyola, 2000.

No livro de René Fisichella, nos é apresentado o tríper que dá fundamento a realidade apresentada pela Teologia: Escritura, Tradição e Magistério. Essa tríade que o autor destaca, vem enobrecer o conteúdo que a “Teologia Fundamental” vai evidenciar, o dado da Revelação, pois o conteúdo revelado no NT é a própria pessoa de Cristo, sinal de Salvação que é oferecida a toda humanidade, através do anúncio do Reino de Deus, concretizado nele e por Ele. O verbo encarnado profetiza a vinda do reino, e indica onde ele se realiza. A teologia fundamental experimenta um período marcante na sua história com a apologética, um modo de defesa da fé. Fisichella, com bastante sapiêcia comenta que após o Vaticano II, com a promulgação da Dei verbum, a teologia fundamental passou a ser valorizada a partir de tal citação bíblica que diz: antes santificai a Cristo, o Senhor, em vossos corações, estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todos aqueles que vo-la pede (I Pd 3,15). A constituição dogmática Dei Verbum mostra-nos a importância que deve ser dada a Palavra de Deus, na condução da vida da comunidade de fé. O autor nos apresenta que a hermenêutica deve ser considerada um dos caminhos fundamentais para analisar o valor da palavra Para evidenciar com segurança a redescoberta da Revelação, cita a Lúmen Gentium, Gandium Spes e Dei Verbum, todos, documentos elaborados no desvelar do Vaticano II. Por fim, analisando o terceiro capítulo, cujo título é “Teologia Fundamental como Teologia”, observamos que o autor escreve com objetividade afirmando “Para a teologia fundamental em particular, deve-se observar que seu objetivo de estudo é o evento da revelação e a fé que nela depositam os cristãos” (p. 56). A adesão para crê em algo carrega o caráter pessoal, a teologia fundamental apresenta-nos Cristo, ápice da atitude reveladora, pois, a mesma não pode impor a ninguém que aceite, ela considera e respeita a liberdade de cada homem e mulher.

VIDA ESPIRITUAL: NINGUÉM CAMINHA SOZINHO


Orai, orai sempre!

O primeiro aspecto da vida cristã.

A oração reflete-se sobre o futuro humano, funda-se sobre a fé que o indivíduo e toda comunidade têm na dimensão da graça. A oração é mais que tudo a experiência do primado do AGIR de Deus em cada alma orante.

Conceito

A espiritualidade cristã consiste "no modo de viver característico de um cristão que trata de conseguir sua perfeição sobrenatural. O programa fundamental desta espiritualidade cristã consiste em chegar à plena configuração com Cristo - na medida e graça predestinadas a cada um - para o louvor da glória da Trindade beatíssima" (Marin, Royo, "Espiritualidad de los seglares", BAC, Madrid, 1967, pg.3). [1]

“Todas as religiões do mundo possuem uma espiritualidade e alimentam a vida espiritual de seus adeptos através de seus ensinamentos, ritos[2] e tradições[3]. No decurso dos séculos, as várias espiritualidades religiosas desenvolveram-se e sofreram mudanças de acordo com a evolução da cultura e da civilização”. [4]


Tipos de Espiritualidades (A palavra de Deus é a maior dádiva pregada por Cristo):

Espiritualidade da autoridade→ Reporta aos séculos XI e XII, fundamentada na teologia política da Cidade de Deus de Santo Agostinho. O período que marca esta época é a Idade Média (força de expressão na arte – crescimento cultural). Quem tinha lugar para contemplar este mistério na autoridade eram: o Imperador, o Papa e o Abade.

Espiritualidade Laical → O objetivo pela santidade é proposto para todas as pessoas que optam pela vida consagrada, mas também a todos os fiéis, que receberam o dom de se regenerado em Cristo (batismo).

Ele é denominado Batismo com base no rito central pelo qual é realizado: batizar (“baptízein”, em grego) significa “mergulhar”, “imergir”; “o mergulho” na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele ressuscita como “nova criatura” (2 Cor 5,17; Gl 6,15). Este sacramento é também chamado “o banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo” (Tt 3,5), pois, ele significa e realiza este nascimento a partir da água e do Espírito, sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).[5]

Os leigos com sua espiritualidade animam a vida da Igreja, constituído assim um rico patrimônio espiritual também para a humanidade. São enfim, verdadeiros cristãos no mundo.

Ser íntimo de Deus

A espiritualidade se torna mais fecunda quando se dedica “algum tempo á oração e alimentar a oração e atividades com o estudo bíblico, teológico e doutrinal; viver de Cristo e de sua graça através, de uma freqüência assídua aos sacramentos da reconciliação e a eucaristia – eis aqui as exigências fundamentais de toda a vida profundamente cristã”[6].


CONTEMPLAÇÃO

O que se entende por contemplação? “Uma atividade contemplativa compreende-se pela busca mais ou menos metódica do conhecimento das realidades superiores” [7].

No Cristianismo sempre se destacaram as comunidades contemplativas, que até hoje é perpetuada pelos monges. Na contemplação é muito importante não esquecer que é a palavra de Deus é a fonte de contemplação, por isso, a Lectio Divina (Leitura Orante) é uma prática comum na vida da igreja católica.

Contemplar o que a Igreja nos ensina

1º) A Contemplação na Escritura Sagrada→ é na Oração do Shemá Israel (Cf. Dt 11,13-21), que há uma advertência feita por Deus, ao seu povo, convidando-os a guardarem a sua palavra no coração. É nesta contemplação que se descobre o fruto de uma vida caridosa. Assim diz São João da Cruz: “Seremos julgados no amor”.

2º) A Contemplação na Tradição Cristã→ Nos escritos dos padres da Igreja (Escritores Eclesiásticos: Tertuliano, Orígenes, Eusébio de Cesareia/ Doutores da Igreja: Ocidente: Ambrósio, Jerónimo, Agostinho e Gregório Magno/ Oriente: Atanásio, Basílio, Gregório de Nazianzeno e João Crisóstomo), vemos que é muito importante buscar a pessoa de Cristo. Cristo é a essência da fé, seja na ascese[8], na ação, afetividade e meditação. Logo, a contemplação não é um fim em si mesma, mas é uma mediação para obter a união com Deus. São Gregório Magno, Santo Agostinho, São Bernado, sempre tentaram conciliar as duas exigênicias da vida cristã: a ação e contemplação.

As principais formas de oração contemplativa cristã:

a) A oração litúrgica→ O ciclo deta oração é a nossa vida unida com a de Cristo, comemorando sempre o mistério pascal - vida, morte e ressurreição (Cf. Mt 18,20; 28, 16-20)

Mas para que que seja plena a eficácia da liturgia, é preciso que os fiéis se aproximem dela com as melhores disposições interiores, que seu coração aocmpanhe sua voz, que cooperem com a graça do alto e não a recebam em vão. Cuidem, pois, os pastores que, além de se observar exigências de validade e liceidade das celebrações, os fiéis prticipem da liturgia de maneira ativa e frutuosa, sabendo o que estão fazendo[9].

b) A oração contemplativa pessoal→ É também chamada de meditação. Esta oração para a Igreja tem como fundamento a lectio divina. Nesta leitura saborosa e atenta sobre a bíblia, lendo-a e mditando, se percebe que Deus fala através de sinais, situações e fatos ocorridos no dia-dia, pessoas e com o nosso testemunho de vida.

c) A Contemplação mística→ A contemplação mística se baseia de um lado no fato de que Deus pode agir diretamente na alma. Todos autores místicos como por exemplo: Santa Teresa Davila, São João da Cruz, Meste Ekhart, Teresinha do Menino Jesus, consideram que exitstem vários níveis de atividade da alma:

*Nível Comum – onde se manifestam as ações de Deus, através do conhecimento racional e discursivo, ou seja, conhecer a Deus liga-nos para conhecer o seu amor.

*Nível Superior – Deus se apresenta através de modo simples, do conhecimneto e adesão.

A presença de Deus na alma é presença ativa (Cf. Jo 14 – 16; Rm 8; Ef 3). O dom da contemplação mística nos capacita a aprender que DEUS age por meio do Espírito Santo (Cf. Rm 5,5), e está presente sobrenaturalmente. Por isso, que se valendo de símbolos, Santa Teresa, em seu livro “Castelo Interior” que contêm múltiplas moradas; faz-nos perceber que na instância central encontra-se Deus. Portanto, não esqueçamos que a contemplação é um elemento essencial da vida cristã.

Crise na vida Cristã

A palavra grega Krisis (eleição, opção e juízo) tem um sentido que precisa ser melhor copreendido por cada um de nós. O substantivo deriva do verbo Krino que dizer, elejo ou escolho, prefiro, decido ou julgo. No vocabulário latino, o significado fundamnetal de CRISE se restringe ao conceito “decisão”. A crise é o momento mais agudo de uma experiência de vida, podendo ser identicada em algumas situções como por exemplo, na política, no social, condição financeira, estado psicológico e no caminho de fé (Cf. Ec 44,4).

A Crise espiritual

a) Crise teologal: A crise do homem e da mulher diante do sagrado, chegando a se afirmar que “Deus não é assim” ou declarando “A morte de Deus”, esses fatos se classificam como dessacralização.

b) Crise ética: É quando o caminho da fé e a nossa vontade não condiz com a vontade de Deus, nos distaciando de sua presença (Cf. Jo 8,44; 15, 22-24).

c) Crise institucional: Vista no horizonte espiritual. São em particular a queda da espiritualidade na experiência de fé da família, Igreja, sacramentos, entre os quais está presente a vida do leigo e do sacerdote, podendo ser identicada em algum momento crise nas vocações. O documento do Concílio Vaticano II (1962-1965), Lumen Gentium, destaca o valor da família (n. 11) e a fidelidade da Igreja (n.8).

Orientações para superar a crise

A teologia espiritual possui sugestões próprias para superar a crise:

1º) REALISMO→ Situar a crise em sua verdadeira dimensão;

2º) OTIMISMO→ Valorizar o positivo da crise;

3º) GLOBALIDADE→ Considerar a situação em sua totalidade (Cf. Pr 14,8);

4º) CULTURA→ Volarizar na cultura a promoção humana (Cf. Sb 9,18-21);

5º)EXEMPLARIDADE→ Procurar vê bons exemplos de espitualidade (Cf. Hb 6,1)

6º) COMUNHÃO→ Comunicar a que você confia a sua própria situação de crise (Cf. Ecl 4,9ª.10b)

7º) ASCETISMO→ Sentir a crise e cosiderá-la como momento de profunda purificação (Cf. I Pd 1,15);

8º) MÍSTICA→ Transformar a crise em um lugar de encontro com Deus (Cf. Mt 6,6);

9º) ORAÇÃO→ Levar ao diálogo da oração com Deus a condição da crise (Cf. Ef 5,19-20);

10º) ESPERA→ Contenplar com esperança cada momento de crise (Jd 21).


[2] 1.As regras e cerimônias próprias da prática de uma religião. 2.Culto; religião. 3.Qualquer cerimônia sagrada ou simbólica.

[3] 1.Ato de transmitir ou entregar. 2.Transmissão oral de lendas, mitos, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração. 3.Conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados.

[4] SHCLESINGER, Hugo. Dicionário Enciclopédico das Religiões.Verbete - Espiritualidade. Petrópolis, RJ, Vozes, 1995.

[5] CIC, 1214-1215.

[6] Idem.

[7] Dicionário de Espiritualidade.Verbete –Contemplação. Edições Paulinas, 1989.

[8] ; Exercício prático que leva à efetiva realização da virtude.

[9] SACROSSANCTUM CONCILIUM. Constituição Sobre a Sagrada Liturgia. Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: 6º Edição.Paulinas, 2004 – João Paulo II, n.11.


Ricardo Henrique - 30/09/07

E-mail: ricardohenriquester@gmail.com