sexta-feira, 17 de julho de 2009

VIDA ESPIRITUAL: NINGUÉM CAMINHA SOZINHO


Orai, orai sempre!

O primeiro aspecto da vida cristã.

A oração reflete-se sobre o futuro humano, funda-se sobre a fé que o indivíduo e toda comunidade têm na dimensão da graça. A oração é mais que tudo a experiência do primado do AGIR de Deus em cada alma orante.

Conceito

A espiritualidade cristã consiste "no modo de viver característico de um cristão que trata de conseguir sua perfeição sobrenatural. O programa fundamental desta espiritualidade cristã consiste em chegar à plena configuração com Cristo - na medida e graça predestinadas a cada um - para o louvor da glória da Trindade beatíssima" (Marin, Royo, "Espiritualidad de los seglares", BAC, Madrid, 1967, pg.3). [1]

“Todas as religiões do mundo possuem uma espiritualidade e alimentam a vida espiritual de seus adeptos através de seus ensinamentos, ritos[2] e tradições[3]. No decurso dos séculos, as várias espiritualidades religiosas desenvolveram-se e sofreram mudanças de acordo com a evolução da cultura e da civilização”. [4]


Tipos de Espiritualidades (A palavra de Deus é a maior dádiva pregada por Cristo):

Espiritualidade da autoridade→ Reporta aos séculos XI e XII, fundamentada na teologia política da Cidade de Deus de Santo Agostinho. O período que marca esta época é a Idade Média (força de expressão na arte – crescimento cultural). Quem tinha lugar para contemplar este mistério na autoridade eram: o Imperador, o Papa e o Abade.

Espiritualidade Laical → O objetivo pela santidade é proposto para todas as pessoas que optam pela vida consagrada, mas também a todos os fiéis, que receberam o dom de se regenerado em Cristo (batismo).

Ele é denominado Batismo com base no rito central pelo qual é realizado: batizar (“baptízein”, em grego) significa “mergulhar”, “imergir”; “o mergulho” na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele ressuscita como “nova criatura” (2 Cor 5,17; Gl 6,15). Este sacramento é também chamado “o banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo” (Tt 3,5), pois, ele significa e realiza este nascimento a partir da água e do Espírito, sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).[5]

Os leigos com sua espiritualidade animam a vida da Igreja, constituído assim um rico patrimônio espiritual também para a humanidade. São enfim, verdadeiros cristãos no mundo.

Ser íntimo de Deus

A espiritualidade se torna mais fecunda quando se dedica “algum tempo á oração e alimentar a oração e atividades com o estudo bíblico, teológico e doutrinal; viver de Cristo e de sua graça através, de uma freqüência assídua aos sacramentos da reconciliação e a eucaristia – eis aqui as exigências fundamentais de toda a vida profundamente cristã”[6].


CONTEMPLAÇÃO

O que se entende por contemplação? “Uma atividade contemplativa compreende-se pela busca mais ou menos metódica do conhecimento das realidades superiores” [7].

No Cristianismo sempre se destacaram as comunidades contemplativas, que até hoje é perpetuada pelos monges. Na contemplação é muito importante não esquecer que é a palavra de Deus é a fonte de contemplação, por isso, a Lectio Divina (Leitura Orante) é uma prática comum na vida da igreja católica.

Contemplar o que a Igreja nos ensina

1º) A Contemplação na Escritura Sagrada→ é na Oração do Shemá Israel (Cf. Dt 11,13-21), que há uma advertência feita por Deus, ao seu povo, convidando-os a guardarem a sua palavra no coração. É nesta contemplação que se descobre o fruto de uma vida caridosa. Assim diz São João da Cruz: “Seremos julgados no amor”.

2º) A Contemplação na Tradição Cristã→ Nos escritos dos padres da Igreja (Escritores Eclesiásticos: Tertuliano, Orígenes, Eusébio de Cesareia/ Doutores da Igreja: Ocidente: Ambrósio, Jerónimo, Agostinho e Gregório Magno/ Oriente: Atanásio, Basílio, Gregório de Nazianzeno e João Crisóstomo), vemos que é muito importante buscar a pessoa de Cristo. Cristo é a essência da fé, seja na ascese[8], na ação, afetividade e meditação. Logo, a contemplação não é um fim em si mesma, mas é uma mediação para obter a união com Deus. São Gregório Magno, Santo Agostinho, São Bernado, sempre tentaram conciliar as duas exigênicias da vida cristã: a ação e contemplação.

As principais formas de oração contemplativa cristã:

a) A oração litúrgica→ O ciclo deta oração é a nossa vida unida com a de Cristo, comemorando sempre o mistério pascal - vida, morte e ressurreição (Cf. Mt 18,20; 28, 16-20)

Mas para que que seja plena a eficácia da liturgia, é preciso que os fiéis se aproximem dela com as melhores disposições interiores, que seu coração aocmpanhe sua voz, que cooperem com a graça do alto e não a recebam em vão. Cuidem, pois, os pastores que, além de se observar exigências de validade e liceidade das celebrações, os fiéis prticipem da liturgia de maneira ativa e frutuosa, sabendo o que estão fazendo[9].

b) A oração contemplativa pessoal→ É também chamada de meditação. Esta oração para a Igreja tem como fundamento a lectio divina. Nesta leitura saborosa e atenta sobre a bíblia, lendo-a e mditando, se percebe que Deus fala através de sinais, situações e fatos ocorridos no dia-dia, pessoas e com o nosso testemunho de vida.

c) A Contemplação mística→ A contemplação mística se baseia de um lado no fato de que Deus pode agir diretamente na alma. Todos autores místicos como por exemplo: Santa Teresa Davila, São João da Cruz, Meste Ekhart, Teresinha do Menino Jesus, consideram que exitstem vários níveis de atividade da alma:

*Nível Comum – onde se manifestam as ações de Deus, através do conhecimento racional e discursivo, ou seja, conhecer a Deus liga-nos para conhecer o seu amor.

*Nível Superior – Deus se apresenta através de modo simples, do conhecimneto e adesão.

A presença de Deus na alma é presença ativa (Cf. Jo 14 – 16; Rm 8; Ef 3). O dom da contemplação mística nos capacita a aprender que DEUS age por meio do Espírito Santo (Cf. Rm 5,5), e está presente sobrenaturalmente. Por isso, que se valendo de símbolos, Santa Teresa, em seu livro “Castelo Interior” que contêm múltiplas moradas; faz-nos perceber que na instância central encontra-se Deus. Portanto, não esqueçamos que a contemplação é um elemento essencial da vida cristã.

Crise na vida Cristã

A palavra grega Krisis (eleição, opção e juízo) tem um sentido que precisa ser melhor copreendido por cada um de nós. O substantivo deriva do verbo Krino que dizer, elejo ou escolho, prefiro, decido ou julgo. No vocabulário latino, o significado fundamnetal de CRISE se restringe ao conceito “decisão”. A crise é o momento mais agudo de uma experiência de vida, podendo ser identicada em algumas situções como por exemplo, na política, no social, condição financeira, estado psicológico e no caminho de fé (Cf. Ec 44,4).

A Crise espiritual

a) Crise teologal: A crise do homem e da mulher diante do sagrado, chegando a se afirmar que “Deus não é assim” ou declarando “A morte de Deus”, esses fatos se classificam como dessacralização.

b) Crise ética: É quando o caminho da fé e a nossa vontade não condiz com a vontade de Deus, nos distaciando de sua presença (Cf. Jo 8,44; 15, 22-24).

c) Crise institucional: Vista no horizonte espiritual. São em particular a queda da espiritualidade na experiência de fé da família, Igreja, sacramentos, entre os quais está presente a vida do leigo e do sacerdote, podendo ser identicada em algum momento crise nas vocações. O documento do Concílio Vaticano II (1962-1965), Lumen Gentium, destaca o valor da família (n. 11) e a fidelidade da Igreja (n.8).

Orientações para superar a crise

A teologia espiritual possui sugestões próprias para superar a crise:

1º) REALISMO→ Situar a crise em sua verdadeira dimensão;

2º) OTIMISMO→ Valorizar o positivo da crise;

3º) GLOBALIDADE→ Considerar a situação em sua totalidade (Cf. Pr 14,8);

4º) CULTURA→ Volarizar na cultura a promoção humana (Cf. Sb 9,18-21);

5º)EXEMPLARIDADE→ Procurar vê bons exemplos de espitualidade (Cf. Hb 6,1)

6º) COMUNHÃO→ Comunicar a que você confia a sua própria situação de crise (Cf. Ecl 4,9ª.10b)

7º) ASCETISMO→ Sentir a crise e cosiderá-la como momento de profunda purificação (Cf. I Pd 1,15);

8º) MÍSTICA→ Transformar a crise em um lugar de encontro com Deus (Cf. Mt 6,6);

9º) ORAÇÃO→ Levar ao diálogo da oração com Deus a condição da crise (Cf. Ef 5,19-20);

10º) ESPERA→ Contenplar com esperança cada momento de crise (Jd 21).


[2] 1.As regras e cerimônias próprias da prática de uma religião. 2.Culto; religião. 3.Qualquer cerimônia sagrada ou simbólica.

[3] 1.Ato de transmitir ou entregar. 2.Transmissão oral de lendas, mitos, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração. 3.Conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados.

[4] SHCLESINGER, Hugo. Dicionário Enciclopédico das Religiões.Verbete - Espiritualidade. Petrópolis, RJ, Vozes, 1995.

[5] CIC, 1214-1215.

[6] Idem.

[7] Dicionário de Espiritualidade.Verbete –Contemplação. Edições Paulinas, 1989.

[8] ; Exercício prático que leva à efetiva realização da virtude.

[9] SACROSSANCTUM CONCILIUM. Constituição Sobre a Sagrada Liturgia. Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: 6º Edição.Paulinas, 2004 – João Paulo II, n.11.


Ricardo Henrique - 30/09/07

E-mail: ricardohenriquester@gmail.com

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